Poente    
 
 
Quando o prego enferrujado
trespassou meu pé
na colônia da Fazenda Palmas
na, então, pequena Matão, 
intuitivamente percebi
que a poesia seria inevitável.
 
O riso vespertino da incompreensão
estampado nas faces das outras crianças
soou prefácio
às malícias do mundo.
 
Ainda pude admirar
- meio à dor –
quão belo e promissor o
poente
dependurado nas paredes 
daquelas translúcidas moradias
acenando para o nada.